Saí
de casa como faço todos os sábados, muito cedo e fui dar um passeio pela
cidade, para ver a vida a florescer naquele lindo dia de Primavera.
Nem
tomei o pequeno-almoço em casa porque o Jorge, o senhor do café ao fundo da
minha rua, fazia sempre pão ao sábado e àquela hora já havia pão quente. Depois
de um pequeno almoço à maneira e uma maça de graça, que fui a roer pelo
caminho, dirigi-me para o pinhal, para sentir o cheiro da resina, acabada de
ser recolhida dos pinheiros.
Estava
eu muito sossegada a observar uns pássaros a construir o seu ninho, quando ouvi
gemidos e um choro abafado. Estava curiosa e decidi seguir aquele barulho.
Passei mais de vinte minutos à procura, até que, ao passar por um amontoado de
pedras, consegui distinguir melhor o choro e, para minha grande surpresa, por
detrás das pedras estava um bebé nu, apenas enrrolado numa manta fina.
Peguei-lhe
imediatamente e verifiquei se ele estava ferido. Aparentemente estava bem e
isso aliviou-me muito.
Quando me
virei para me ir embora com ele, deparei-me com um problema, a curiosidade
levara-me muito para dentro do bosque, estava perdida.
Andei às
voltas para ver se encontrava uma saída, mas encontrava sempre o mesmo monte de
pedras. Acabei por desistir, aconchegando o bebé nos braços e sentando-me no
chão à procura de uma solução. Mas quando parecia que tinha uma, esta tinha
sempre uma falha lá pelo meio. Aos poucos comecei a sentir-me assustada e
stressada.
De repente
lembrei-me do telemóvel e levei as mãos
a todos os bolsos, do casaco e dos calções. Respirei de alívio quando o senti
no bolso de trás dos calções. Liguei para a polícia e pedi que viessem o mais
rápido possível, porque o bebé podia precisar de assistência médica.
Ainda
demorou um bocado até os polícias chegarem com os seus cães. Mas não vieram
sozinhos, os meus pais vinham com eles e ao ver-me correram a abraçar-me:
-
Pregaste-nos um valente susto, Alice – disseram com os olhos marejados de
lágrimas.
- Eu sei!,
- respondi – mas ao ouvir o choro não resisti a ver de onde vinha. Prometo que
não volta a acontecer. – disse-lhes sorrindo.
- Espero
bem que não! - disse o pai sorrindo.
Voltamos
para casa, passando primeiro pelo hospital. Lá para me agradecer por ter salvo
o bebé, deram-lhe o nome que eu escolhi, Ricardo, e confiaram-no aos meus pais.
Apesar
daquele susto, acabei por ganhar a coisa mais maravilhosa do mundo, um lindo
irmãozinho.
E foi assim
que te conheci e que te tornaste no homem mais maravilhoso que vei ao mundo.