segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Ilha dos Três Marinheiros

No alto mar Ruan, um marinheiro experiente, a sua bela mulher Julieta e Kate, a filha aventureira, partem numa longa viagem rumo ao desconhecido.
Num dia de suave neblina, sobre o mar, com o este um tanto agitado, fazendo a caravela balançar enquanto avançavam, os três partiram ao romper da alvorada. Tinham preparado aquela viagem com todo o cuidado durante uma semana. Tudo corria bem, só havia uma coisa que tornava aquela viagem mais cansativa, não sabiam como haviam de passar o tempo. Decidiram entre outras coisas, jogar às cartas, jogar xadrez, damas e poker. Combinaram também que em todas as paragens que fizessem para reabastecer, ficariam nessa cidade ou aldeia durante um dia e uma noite, para a conhecer melhor.
Com tudo isto, bem ou mal se passou um mês de viagem.
Uma noite o mar começou a exaltar-se e a chuva rebentou juntamente com uma arrepiante trovoada. Ruan disse à mulher e à filha para não ir para não subirem ao convéns pois podiam ir borda fora. Julieta obedeceu, mas Kate como era aventureira e corajosa escapou-se para o convéns quando a mãe estava distraída. O mar estava muito agitado e uma onda silenciosa, mas forte lambeu-a do convéns atirando-a borda fora.
- Pai, socorro! - Gritou ela desesperadamente.
- Kitty! - Berrou correndo a lançar-se ao mar para salvar a filha.
Julieta que reparou que a filha tinha desaparecido precipitou-se para o convéns e vendo o que tinha acontecido, tomou o comando do barco dirigindo-se na direção do marido e da filha.
De repente esta vê tubarões e anémonas a dirigirem-se à sua família e gritou:
- Ruan, cuidado tubarões e anémonas a ir na vossa direção! - Gritou ela.
Ruan apanhou a filha e subiu para o barco mesmo a tempo, por um triz que não eram mordidos pelo enorme animal.
De manhã Ruan sabia que tinha uma grande tarefa em mãos, tinham-se desviado muito da rota que tomavam, e tinha de ser ele, a leva-los de volta ao caminho certo. Respirou o ar frio daquela bela e fria manhã de Novembro, ganhou coragem e avançou enfrentando o destino que o aguardava.
Demorou um bocado, mas ao fim de uma semana o valente marinheiro lá conseguiu voltar à rota que tinham de seguir.
Navegaram por aquele infindável oceano durante mais dois longos meses e Kate não se atreveu a voltar a desobedecer às ordens do pai, por muito que lhe apetece-se.
Ora, numa manhã calma pelo meio do ligeiro nevoeiro, Julieta que fazia o torno nessa manhã, viu uma mancha escura no horizonte.
- Ruan, - chamou -, acho que aquilo é terra.
Este semicerrou os olhos e anunciou muito entusiasmado:
- Eu não acho querida, tenho a certeza que é terra. Terra à viiiiiiiista!!!!!
Rumaram até lá com entusiasmo; chegaram em pouco tempo e desembarcaram primeiro eles e depois a tralha que traziam. Decidiram que acampariam na praia e que depois com tempo arranjariam um local mais cómodo.
Aquele dia foi dedicado, só, à exploração da bela ilha que tinham encontrado.
Viram frutos com os quais nem sequer tinham sonhado, por exemplo maças às riscas vermelhas e pretas, pêssegos azuis, amoras cor-de-rosa, mangas castanhas, entre outros igualmente estranhos.
Viram macacos mais rápidos que chitas, e até as árvores eram anormais, no sentido maravilhoso, algumas eram tão grandes que não se via o topo e outras tão pequenas que quase era preciso uma lupa para as ver.
No oceano à volta da ilha viram baleias muito pequeninas para o normal, elefantes daqueles que tinham na sua terra, mas estes eram aquáticos e peixes muito parecidos com golfinhos.
Era o sítio mais estranho, maravilhoso e inexplicavelmente fora de contexto onde alguma vez tinham estado e tencionavam ficar ali o tempo que fosse possível.
Nenhum deles sabia bem porquê, mas assim que chegaram, sentiram, imediatamente, uma enorme ligação àquele lugar inóspito.
Após um mês na ilha, tinham feitos imensos amigos. Macacos, que lhes davam os frutos mais maduros e suculentos e sempre que encontravam algo interessante, iam dar-lhes.
Conheceram todos os recantos daquela maravilha e à medida que descobriam mais e mais e mais, perceberam que toda a fauna e flora existente naquele maravilhoso lugar desapareceriam. - Seria o maior desperdício de vida da história! – Concluíram num dia à noite, quando se sentaram em volta de uma fogueira que atearam na praia.
- Concordamos plenamente! – Disse Julieta falando também pela filha.
- Pai, mãe - declarou Kate que não tinha dito nada desde o início da conversa - quero ficar aqui. Já não me consigo imaginar noutro, afeiçoei-me muito a este sítio e aos animais e sabores que aqui existem. Podemos?
- Por que não?! - Disse Ruan olhando a mulher, que estava boquiaberta, com um sorriso - Também me afeiçoei à ilha, por isso, se a tua mãe concordar, sim podemos.
- Valá mãe, valáááááá!!! - Pediu Kate com aqueles olhos doces que fazia sempre que queria alguma coisa.
- Está bem chatinha, ficamos! - Concedeu a mãe revirando os olhos e sorrindo para a filha que lhe devolveu o sorriso.
- E que tal, já que somos as únicas pessoas que habitam esta ilha e somos marinheiros, por que não lhe chama-mos, A Ilha dos Três Marinheiros? - Propôs Ruan.
- Que bela ideia! - Disseram as raparigas ao mesmo tempo muito felizes.
A partir desse dia nunca mais saíram daquela ilha.