Capítulo 1
Ao olhar para a paisagem, com o cotovelo pousado na
porta do carro e a mão a apoiar a cabeça, pensava no que haveria de fazer quando
chegasse a casa da avó Elsa e do avô Luís, na aldeia do Porto da Raiva. Talvez falasse com a avó acerca dos meus problemas na
escola e depois me sentasse com o avô por um bocado a ver programas idiotas,
mas cómicos na televisão francesa. A seguir iria ajudar a avó a fazer uns deliciosos
bolos de bacalhau, como só nós sabemos, ou talvez sentar-me no terraço a ver a
paisagem que nunca mudava. Uma montanha imponente do lado esquerdo, com algumas
casas no topo, e repletas de eucaliptos, outras montanhas se lhe seguem e no seu
sopé passa uma longa e entediante estrada. À esquerda da tal estrada, mais
abaixo, passa outra estrada, esta menos importante, menos usada, ainda mais para a esquerda, existe ainda
outra, de terra batida e lá ao lado, como um diamante entre o lixo e a morbidez, existe
um lindo rio que rodeia a coroa daquele perpétua paisagem..... uma montanha. Parece
um bocado idiota, talvez, achá-la a coroa seja do que for, mais sei que se ela
ali não estivesse eu não seria a mesma, pois adoro não fazer a mínima ideia do
que ela esconde debaixo de toda aquela folhagem. Nunca lá fui. E não pretendo
ir e poder continuar a acreditar que há magia naquele lugar, que ela não está
ali só por acaso.
PS: Para quem quer que leia isto, este é o primeiro capítulo desta história, haverá mais. E aproveito já para dizer que esta história é baseada na realidade e é dedicada à minha avó.