domingo, 28 de maio de 2017

A tua história

Capítulo 1

Ao olhar para a paisagem, com o cotovelo pousado na porta do carro e a mão a apoiar a cabeça, pensava no que haveria de fazer quando chegasse a casa da avó Elsa e do avô Luís, na aldeia do Porto da Raiva. Talvez falasse com a avó acerca dos meus problemas na escola e depois me sentasse com o avô por um bocado a ver programas idiotas, mas cómicos na televisão francesa. A seguir iria ajudar a avó a fazer uns deliciosos bolos de bacalhau, como só nós sabemos, ou talvez sentar-me no terraço a ver a paisagem que nunca mudava. Uma montanha imponente do lado esquerdo, com algumas casas no topo, e repletas de eucaliptos, outras montanhas se lhe seguem e no seu sopé passa uma longa e entediante estrada. À esquerda da tal estrada, mais abaixo, passa outra estrada, esta menos importante, menos usada,  ainda mais para a esquerda, existe ainda outra, de terra batida e lá ao lado, como um diamante entre o lixo e a morbidez, existe um lindo rio que rodeia a coroa daquele perpétua paisagem..... uma montanha. Parece um bocado idiota, talvez, achá-la a coroa seja do que for, mais sei que se ela ali não estivesse eu não seria a mesma, pois adoro não fazer a mínima ideia do que ela esconde debaixo de toda aquela folhagem. Nunca lá fui. E não pretendo ir e poder continuar a acreditar que há magia naquele lugar, que ela não está ali só por acaso.













PS: Para quem quer que leia isto, este é o primeiro capítulo desta história, haverá mais. E aproveito já para dizer que esta história é baseada na realidade e é dedicada à minha avó.

Um poema

Peguei na caneta,
Escrever....?
tentei,
mas tenho a alma apagada, vazia.
Pousei a caneta,
encerrei os portões do meu ser,
inspirei as lembranças
e na escuridão, uma luz;
Uma luz pura e frágil
que se desenvolve calmamente,
e forma um sol;
Ilumina o rosto de uma criança,
ilumina uma manhã de chuva,
dá conforto a um velho triste.
Um estremecer,
um movimento, que flui, suave;
Palavras,
versos,
um poema.

Volta

Pequena lágrima....
brilhante fruto das minhas mágoas,
sangue de um coração despedaçado;
Seria uma mentira, um adeus para sempre, uma ilusão,
pequena lágrima, que escorres entre as outras, porque te vais?
Silenciosa, solitária, afastas-te devagarinho.
No abismo suspendes-te brevemente,
como se te fosses despedir;
Mas, para mim, só tens o silêncio tortuoso.
Deixas-te ir e eu deixo que vás,
sem teres como voltar.
Vais sem nunca saberes
que naquelas noites frias e amargas
quero-te, desejo-te
porque quando o meu coração sangra
levas a dor, o ódio, o desespero.
és o meu consolo.
Volta....